Gravidez, Amamentação e Exercícios Físicos: É possível conciliar?
Quando engravidamos tudo muda, tanto na nossa vida, quanto no nosso corpo. Você certamente já ouviu dizer que gravidez não é doença, e realmente não é, é um estado de atenção. Nosso corpo está trabalhando 24 horas por dia para gestar e nutrir outro ser, além de tentar nos manter vivas e saudáveis. Já ouviu também dizer que se você fazia atividade física pode manter e se não fazia atividade física não é essa a hora de começar, bem, depende.
Durante a gestação nosso centro de equilíbrio muda, os órgãos são empurrados pelo crescimento do útero e o abdome se distende, nós ficamos mais suscetíveis a quedas, nosso corpo fica mais pesado, nossa musculatura mais frouxa, nossas articulações e ligamentos mais suscetíveis a se machucar. Para Lima e Oliveira, 2005, as mulheres grávidas apresentam risco elevado de queixas musculo-esqueléticas, em especial a lombalgia. Esse risco se deve à mudança do centro de gravidade, a rotação anterior da pelve, o aumento da lordose lombar e o aumento da elasticidade ligamentar. Já a musculatura do assoalho pélvico que antes segurava os órgãos pélvicos, agora segura também um bebê, uma placenta e uma bolsa cheia de líquido. Logo, é importante fazer uma avaliação fisioterápica com profissionais especialistas em saúde da mulher, quando quiser manter ou iniciar uma atividade física na gestação, principalmente se você pratica uma atividade de maior impacto.
Aproveito aqui para dizer que a atividade física, seja em qualquer fase da vida, é um hábito extremamente saudável e que gera inúmeros benefícios, inclusive a prevenção de muitas doenças como hipertensão, diabetes e depressão. Durante a gestação ela colabora com a manutenção do peso, reduz o risco de pré-eclâmpsia e de diabetes gestacional. Ajuda a preparar o corpo e a mente para o parto e segundo Lima e Oliveira, 2005, existem evidências que um programa de exercícios executado três vezes por semana durante a segunda metade da gravidez aponta redução da intensidade das dores lombares, melhorando a flexibilidade da coluna. Os estudos também mostram que os exercícios físicos regulares proporcionam fatores protetores sobre a saúde mental e emocional da mulher durante e depois da gravidez, prevenindo a depressão pós-parto. Além do que, para Gouveia et. al, 2007, mulheres que praticam atividade física durante a gestação, amamentam por mais tempo.
Durante o aleitamento estamos saindo da gestação, o corpo que foi modificado para dar espaço para outro ser começa a voltar ao que era antes. Os músculos do assoalho pélvico demoram até 6 meses para se recuperar das alterações da gestação, independente da via de parto. A diástase do músculo reto abdominal, que precisou se distender, também requer cuidados. A mulher que produz leite gasta cerca de 900 calorias por dia para nutrir o bebê e isso deve ser considerado na hora de voltar às atividades físicas. Portanto, o retorno ou início de atividade física no pós-parto também requer uma avaliação fisioterápica prévia com um especialista em saúde da mulher para evitar lesões ao períneo, ao abdome e até à coluna. Para o Sports Medicine Austrália, amamentação e exercícios são compatíveis desde que você consuma calorias suficientes para se fazer as duas coisas. Para as profissionais da saúde materno infantil, exercício físico bem orientado é excelente para que a mulher passe pelo puerpério de forma leve e saudável.
Procure um profissional expert em saúde da mulher, existem muitos profissionais de saúde desatualizados que pregam mitos e tabus, impedindo ou desencorajando que as mulheres façam exercícios, assim como também existem educadores físicos que passam esquemas que podem lesionar ou piorar a condição da mulher naquele momento de gestação ou aleitamento.
Com orientação adequada os exercícios físicos são amigos essenciais nessa jornada de gestar e amamentar e nos traze inúmeros benefícios! Vamos em frente!
Abraços
Fabiana Guimarães
Cirurgiã Dentista
Especializada em Cuidado Materno Infantil e Aleitamento
Consultora de Aleitamento Materno
Doula
Colaboradora do Ishtar-BH
Idealizadora do Alumiar Cuidado Materno e Infantil
Referências
LIMA, Fernanda R.; OLIVEIRA, Natália. Gravidez e exercício. Rev Bras Reumatol, v. 45, n. 3, p. 188-90, 2005.
grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com/2014/07/o-exercicio-pode-interferir-na.html
GOUVEIA, Raquel et al. Gravidez e exercício físico: mitos, evidências e recomendações. Acta Médica Portuguesa, p. 209-214, 2007.